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quarta-feira, 26 de abril de 2017

FUVEST 2014 – 1º FASE – PROVA DE LÍNGUA PORTUGUESA

FUVEST 2014 – 1º FASE – PROVA DE LÍNGUA PORTUGUESA

ps. Foi mantida a numeração original da prova.

74. No texto, empregam-se, de modo mais evidente, dois recursos de intertextualidade: um, o próprio autor o torna explícito; o outro encontra-se meu m dos trechos citados abaixo. Indique-o.

a) “Você é um horror!”
b) “E você, bêbado.”
c) “Ilusão sua: amanhã, de ressaca, vai olhar no espelho e ver o alcoólatra machista de sempre.”
d) “Vai repetir o porre até perder os amigos, o emprego, a família e o autorrespeito.”
e) “Perco a piada, mas não perco a ferroada!”
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75. A tirinha tematiza questões de gênero (masculino e feminino), com base na oposição entre

a) permanência e transitoriedade.   b) sinceridade e hipocrisia.
c) complacência e intolerância.      d) compromisso e omissão.    e) ousadia e recato.

Leia o seguinte texto, que faz parte de um anúncio de um produto alimentício:

76. EM RESPEITO A SUA NATUREZA, SÓ TRABALHAMOS COM O MELHOR DA NATUREZA

Selecionamos só o que a natureza tem de melhor para levar até a sua casa. Porque faz parte da natureza dos nossos consumidores querer produtos saborosos, nutritivos e,
acimadetudo,confiáveis.

www.destakjornal.com.br,13/05/2013.Adaptado.

Procurando dar maior expressividade ao texto, seu autor

a) serve-se do procedimento textual da sinonímia.
b) recorre à reiteração de vocábulos homônimos.
c) explora o caráter polissêmico das palavras.
d) mescla as linguagens científica e jornalística.
e) emprega vocábulos iguais na forma, mas de sentidos contrários.

TEXTO PARA AS QUESTÕES 77 E 78

A civilização “pós-moderna” culminou em um progresso inegável, que não foi percebido antecipadamente, em sua inteireza. Ao mesmo tempo, sob o “mau uso” da ciência, da tecnologia e da capacidade de invenção nos precipitou na miséria moral inexorável. Os que condenam a ciência, a tecnologia e a invenção criativa por essa miséria ignoram os desafios que explodiram com o capitalismo monopolista de sua terceira fase.
Em páginas secas premonitórias, E. Mandel* apontara tais riscos. O “livre jogo do mercado” (que não é e nunca foi “livre”) rasgou o ventre das vítimas: milhões de seres humanos nos países ricos e uma carrada maior de milhões nos países pobres. O centro acabou fabricando a sua periferia intrínseca e apossou-se, como não sucedeu nem sob o regime colonial direto, das outras periferias externas, que abrangem quase todo o “resto do mundo”.

Florestan Fernandes, Folha de S. Paulo, 27/12/1993.

(*) Ernest Ezra Mandel (1923-1995): economista e militante político belga.

77. No trecho “nos precipitou na miséria moral inexorável” (L.4-5), a palavra sublinhada pode ser substituída, sem prejuízo para o sentido do texto, por

a) inelutável.  b) inexequível.  c) inolvidável.  d) inominável.  e) impensável.

78. O emprego de aspas em uma dada expressão pode servir, inclusive, para indicar que ela

I. foi utilizada pelo autor com algum tipo de restrição;
II. pertence ao jargão de uma determinada área do conhecimento;
III. contém sentido pejorativo, não assumido pelo autor.

Considere as seguintes ocorrências de emprego de aspas presentes no texto:

A. “pós-moderna” (L. 1);
B. “mau uso” (L. 3);
C. “livre jogo do mercado” (L. 10);
D. “livre” (L. 11);
E. “resto do mundo” (L. 16).

As modalidades I, II e III de uso de aspas, elencadas acima, verificam-se, respectivamente, em

a) A, C e E.   b) B, C e D.   c) C, D e E.   d) A, B e E.   e) B, D e A.

79. Sobre o elemento estrutural “oni”, que forma as palavras do texto “onipotente” e “onisciente”, NÃO é correto  afirmar:

a) Equivale, quanto ao sentido, ao pronome “todos(as)”, usado de forma reiterada no texto.
b) Possui sentido contraditório em relação ao advérbio “quase”, antecedente.
c) Trata-se do prefixo “oni”, que tem o mesmo sentido em ambas as palavras.
d) Entra na formação de outras palavras da língua portuguesa, como “onipresente” e “onívoro”.
e) Deve ser entendido em sentido próprio, em “onipotente”, e, em sentido figurado, em “onisciente”.

80. O texto refere-se ao período em que, morando em Paris, Jacinto entusiasmava-se com o progresso técnico e a acumulação de conhecimentos. Considerada do ponto de vista dos valores que se consolidam na parte final do romance, a “forma algébrica” mencionada no texto passaria a ter, como termo conclusivo, não mais “Suma felicidade”, mas, sim, Suma

a) simplicidade. b) abnegação. c) virtude. d) despreocupação. e) servidão.
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81. Examine as seguintes afirmações relativas a romances brasileiros do século XIX, nos quais a escravidão aparece e, em seguida, considere os três livros citados:

I. Tão impregnado mostrava-se o Brasil de escravidão, que até o movimento abolicionista pode servir, a ela, de fachada.
II. De modo flagrante, mas sem julgamentos morais ou ênfase especial, indica-se a prática rotineira do tráfico transoceânico de escravos.
III. De modo tão pontual quanto incisivo, expõe-se o vínculo entre escravidão e prática de tortura física.

A. Memórias de um sargento de milícias;
B. Memórias póstumas de Brás Cubas;
C. O cortiço.

As afirmações I, II e III relacionam-se, de modo mais direto, respectivamente, com os romances

a) B, A, C. b) C, A, B. c) A, C, B. d) B, C, A. e) A, B, C.


TEXTO PARA AS QUESTÕES DE 82 A 84

CAPÍTULO LXXI

O senão do livro

Começo a arrepender-me deste livro. Não que ele me canse; eu não tenho que fazer; e, realmente, expedir alguns magros capítulos para esse mundo sempre é tarefa que distrai um pouco da eternidade. Mas o livro é enfadonho, cheira a sepulcro, traz certa contração cadavérica; vício grave, e aliás ínfimo, porque o maior defeito deste livro és tu, leitor. Tu tens pressa de envelhecer, e o livro anda devagar; tu amas a narração direita e nutrida, o estilo regular e fluente, e este livro e o meu estilo são como os ébrios, guinam à direita e à esquerda, andam e param, resmungam, urram, gargalham, ameaçam o céu, escorregam e caem...
E caem! Folhas misérrimas do meu cipreste, heis de cair, como quaisquer outras belas e vistosas; e, se eu tivesse olhos, dar-vos-ia uma lágrima de saudade. Esta é a grande vantagem da morte, que, se não deixa boca para rir, também não deixa olhos para chorar... Heis de cair.

Machado de Assis, Memórias póstumas de Brás Cubas.

82. No contexto, a locução “Heis de cair”, na última linha do texto, exprime:

a) resignação ante um fato presente.
b) suposição de que um fato pode vir a ocorrer.
c) certeza de que uma dada ação irá se realizar.
d) ação intermitente e duradoura.
e) desejo de que algo venha a acontecer.

83. Um leitor que tivesse as mesmas inclinações que as atribuídas, pelo narrador, ao leitor das Memórias póstumas de Brás Cubas teria maior probabilidade de impacientar-se, também, com a leitura da obra

a) Memórias de um sargento de milícias.
b) Viagens na minha terra.
c) O cortiço.
d) A cidade e as serras.
e) Capitães da areia.

84. Nas primeiras versões das Memórias póstumas de Brás Cubas, constava, no final do capítulo LXXI, aqui reproduzido, o seguinte trecho, posteriormente suprimido pelo autor:

[... Heis de cair.] Turvo é o ar que respirais, amadas folhas. O sol que vos alumia, com ser de toda a gente, é um sol opaco e reles, de ........................ e ........................ .

As duas palavras que aparecem no final desse trecho, no lugar dos espaços pontilhados, podem servir para qualificar, de modo figurado, a mescla de tonalidades estilísticas que caracteriza o capítulo e o próprio livro. Preenchem de modo mais adequado as lacunas as palavras

a) ocaso e invernia.    b) Finados e ritual.
c) senzala e cabaré.   d) cemitério e carnaval.    e) eclipse e cerração.

85. Considere as seguintes comparações entre Vidas secas, de Graciliano Ramos, e Capitães da areia, de Jorge Amado:

I. Quanto à relação desses livros com o contexto histórico em que foram produzidos, verifica-se que ambos são tributários da radicalização político-ideológica subsequente, no Brasil, à Revolução de 1930.
II. Embora os dois livros comportem uma consciência crítica do valor da linguagem no processo de dominação social, em Vidas secas, essa consciência relaciona-se ao emprego de um estilo conciso e até ascético, o que não ocorre na composição de Capitães da areia.
III. Por diferentes que sejam essas obras, uma e outra conduzem a um final em que se anuncia a redenção social das personagens oprimidas, em um futuro mundo reconciliado, de felicidade coletiva.

Está correto o que se afirma em

a) I, somente. b) I e II, somente. c) III, somente. d) II e III, somente. e) I, II e III.
  
TEXTO PARA AS QUESTÕES DE 86 A 90

Revelação do subúrbio

Quando vou para Minas, gosto de ficar de pé, contra a
                                [vidraça do carro*,
vendo o subúrbio passar.
O subúrbio todo se condensa para ser visto depressa,
com medo de não repararmos suficientemente
em suas luzes que mal têm tempo de brilhar.
A noite come o subúrbio e logo o devolve,
ele reage, luta, se esforça,
até que vem o campo onde pela manhã repontam laranjais
e à noite existe a tristeza do Brasil.

Carlos Drummond de Andrade, Sentimento do mundo, 1940.

(*) carro: vagão ferroviário para passageiros.

86. Para a caracterização do subúrbio, o poeta lança mão, principalmente, da(o)

a) personificação.  b) paradoxo.  c) eufemismo.  d) sinestesia.  e) silepse.

87. Considerados no contexto, dentre os mais de dez verbos no presente, empregados no poema, exprimem ideia, respectivamente, de habitualidade e continuidade

a) “gosto” e “repontam”.  b) “condensa” e “esforça”.
c) “vou” e “existe”.           d) “têm” e “devolve”.            e) “reage” e “luta”.

88. Em consonância com uma das linhas temáticas principais de Sentimento do mundo, o vivo interesse que, no poema, o eu lírico manifesta pela paisagem contemplada prende-se, sobretudo, ao fato de o subúrbio ser

a) bucólico.   b) popular.   c) interiorano.   d) saudosista.   e) familiar.

89. No poema de Drummond, a presença dos motivos da velocidade, da mecanização, da eletricidade e da metrópole configura-se como

a) uma adesão do poeta ao mito do progresso, que atravessa as letras e as artes desde o surgimento da modernidade.
b) manifestação do entusiasmo do poeta moderno pela industrialização por que, na época, passava o Brasil.
c) marca da influência da estética futurista da Antropofagia na literatura brasileira do período posterior a 1940.
d) uma incorporação, sob nova inflexão política e ideológica, de temas característicos das vanguardas que influenciaram o Modernismo antecedente.
e) uma crítica do poeta pós-modernista às alterações causadas, na percepção humana, pelo avanço indiscriminado da técnica na vida cotidiana.

90. Segundo o crítico e historiador da literatura Antonio Candido de Mello e Souza, justamente na década que presumivelmente corresponde ao período de elaboração do livro a que pertence o poema, o modo de se conceber o Brasil havia sofrido “alteração marcada de perspectivas”.  A leitura do poema de Drummond permite concluir corretamente que, nele, o Brasil não mais era visto como país

a) agrícola (fornecedor de matéria-prima), mas como industrial (produtor de manufaturados).
b) arcaico (retardatário social e economicamente) mas, sim, percebido como moderno (equiparado aos países mais avançados).
c) provinciano (caipira, localista) mas, sim, cosmopolita (aberto aos intercâmbios globais).
d) novo (em potência, por realizar-se), mas como subdesenvolvido (marcado por pobreza e atrofia).
e) rural (sobretudo camponês), mas como suburbano (ainda desprovido de processos de urbanização).

GABARITO

74 – E  75 – A  76 – C  77 – A   78 – A  79 – E  80 – E  81 – B  82 – C
83 – B  84 – D  85 – B  86 – A   87 – C  88 – B  89 – D  90 – D

www.veredasdalingua.blogspot.com.br

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