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terça-feira, 17 de maio de 2016

Fatec 2015 – 1º Semestre - Prova de Língua Portuguesa

Fatec – Prova de Língua Portuguesa - 1º Semestre – 2015

Leia o texto para responder às questões de números 50 a 53.

Felicidade Clandestina - Clarice Lispector

            Ela era gorda, baixa, sardenta e de cabelos excessivamente crespos, meio arruivados. Tinha um busto enorme, enquanto nós todas ainda éramos achatadas. (...) Mas possuía o que qualquer criança devoradora de histórias gostaria de ter: um pai dono de livraria. (...)
            Ela toda era pura vingança, chupando balas com barulho. Como essa menina devia nos odiar, nós que éramos imperdoavelmente bonitinhas, esguias, altinhas, de cabelos livres. Comigo exerceu com calma ferocidade o seu sadismo. Na minha ânsia de ler, eu nem notava as humilhações a que ela me submetia: continuava a implorar-lhe emprestados os livros que ela não lia.
            Até que veio para ela o magno dia de começar a exercer sobre mim uma tortura chinesa. Como casualmente, informou-me que possuía As reinações de Narizinho, de Monteiro Lobato.
            Era um livro grosso, meu Deus, era um livro para se ficar vivendo com ele, comendo-o, dormindo-o. E, completamente acima de minhas posses. Disse-me que eu passasse pela sua casa no dia seguinte e que ela o emprestaria. (...)
            No dia seguinte fui à sua casa, literalmente correndo. Ela não morava num sobrado como eu, e sim numa casa. Não me mandou entrar. Olhando bem para meus olhos, disse-me que havia emprestado o livro a outra menina, e que eu voltasse no dia seguinte para buscá-lo. Boquiaberta, saí devagar, mas em breve a esperança de novo me tomava toda e eu recomeçava na rua a andar pulando, que era o meu modo estranho de andar pelas ruas de Recife. Dessa vez nem caí: guiava-me a promessa do livro, o dia seguinte viria, os dias seguintes seriam mais tarde a minha vida inteira, o amor pelo mundo me esperava, andei pulando pelas ruas como sempre e não caí nenhuma vez.
            Mas não ficou simplesmente nisso. O plano secreto da filha do dono da livraria era tranquilo e diabólico. No dia seguinte lá estava eu à porta de sua casa, com um sorriso e o coração batendo. Para ouvir a resposta calma: o livro ainda não estava em seu poder, que eu voltasse no dia seguinte. (...) E assim continuou. Quanto tempo? Não sei. (...) Eu ia diariamente à sua casa, sem faltar um dia sequer. Às vezes ela dizia: pois o livro esteve comigo ontem, mas você só veio de manhã, de modo que o emprestei a outra menina. (...)
            Até que um dia, quando eu estava à porta de sua casa, ouvindo humilde e silenciosa a sua recusa, apareceu sua mãe. Ela devia estar estranhando a aparição muda e diária daquela menina à porta de sua casa. Pediu explicações a nós duas. Houve uma confusão silenciosa, entrecortada de palavras pouco elucidativas. A senhora achava cada vez mais estranho o fato de não estar entendendo. Até que essa mãe boa entendeu. Voltou-se para a filha e com enorme surpresa exclamou: mas este livro nunca saiu daqui de casa e você nem quis ler! (...)
            Foi então que, finalmente se refazendo, disse firme e calma para a filha: você vai
emprestar o livro agora mesmo. E para mim: “E você fica com o livro por quanto tempo quiser.” Entendem? Valia mais do que me dar o livro: “pelo tempo que eu quisesse” é tudo o que uma pessoa, grande ou pequena, pode ter a ousadia de querer.
            Como contar o que se seguiu? Eu estava estonteada, e assim recebi o livro na mão. Acho que eu não disse nada. Peguei o livro. Não, não saí pulando como sempre. Saí andando bem devagar. (...) Chegando em casa, não comecei a ler. Fingia que não o tinha, só para depois ter o susto de o ter. (...) Criava as mais falsas dificuldades para aquela coisa clandestina que era a felicidade. A felicidade sempre ia ser clandestina para mim. Parece que eu já pressentia. Como demorei! Eu vivia no ar... Havia orgulho e pudor em mim. Eu era uma rainha delicada. (...)

(http://tinyurl.com/veele-contos Acesso em: 27.08.14. Adaptado)

Questão 50 - De acordo com a leitura do texto, pode-se afirmar que a narradora-personagem,

(A) para conseguir um livro emprestado, mentia para a colega e fazia falsas promessas.
(B) para conseguir um livro emprestado, ia à casa da colega a fim de humilhá-la.
(C) para recuperar um livro emprestado, humilhava a colega, que não se importava.
(D) para conseguir um livro emprestado, era humilhada pela colega, porém não desistia.
(E) para recuperar um livro emprestado, procurou a mãe de uma colega, dona de livraria.

Questão 51 - Considerando as informações do texto, é correto afirmar que a narradora-personagem possuía

(A) o desejo de ler, mas não tinha condições de comprar o livro de Monteiro Lobato.
(B) o livro de Monteiro Lobato, mas não o emprestava para suas amigas de colégio.
(C) uma felicidade clandestina de emprestar os livros de Monteiro Lobato à amiga.
(D) uma colega que gostava de emprestar os livros de Monteiro Lobato para ela.
(E) uma livraria com obras de diversos autores, mas preferia ler as de Monteiro Lobato.

Questão 52 - Observe o trecho do texto: “e assim recebi o livro na mão(...)”
Ao passar a oração sublinhada nesse trecho para a voz passiva analítica, teremos:

(A) O livro era recebido por mim.
(B) O livro é recebido por mim.
(C) O livro será recebido por mim.
(D) O livro foi recebido por mim.
(E) O livro seria recebido por mim.

Questão 53 - Leia este fragmento: “Eu estava estonteada, e assim recebi o livro na mão.” A função sintática do termo destacado nesse período é

(A) complemento nominal. (B) objeto indireto. (C) objeto direto. (D) sujeito. (E) aposto.

Questão 54 - O escritor, dramaturgo e poeta Ariano Suassuna morreu em 2014, aos 87 anos. Membro da Academia Brasileira de Letras (ABL), esse autor traduziu em suas obras a tradição popular do Nordeste.
Assinale a alternativa que apresenta um trecho da obra Auto da Compadecida, de Ariano Suassuna.

(A) “ SEVERINO
Não pode ser, João. Eu matei o bispo, o padre, o sacristão, o padeiro e a mulher e eles morreram esperando por você. Se eu não o matar, vêm-me perseguir de noite, porque será uma injustiça com eles. (...)”
(http://tinyurl.com/lelivros Acesso em: 20.08.14. Adaptado)
(B) “Chamava-se João Teodoro, só. O mais pacato e modesto dos homens. Honestíssimo e lealíssimo, com um defeito apenas: não dar o mínimo valor a si próprio. Para João Teodoro, a coisa de menos importância no mundo era João Teodoro. (...)”
(http://tinyurl.com/leitura-encantada Acesso em: 20.08.14. Adaptado)
(C) “Havia muito que João Romão vivia exclusivamente para essa ideia; sonhava com ela todas as noites; comparecia a todos os leilões de materiais de construção; arrematava madeiramentos já servidos; comprava telha em segunda mão; fazia pechinchas
de cal e tijolos; acumulados (...)”
(http://tinyurl.com/dominiopub-1 Acesso em: 20.08.14. Adaptado)
(D) “Aplica esta prova a todos os órgãos e compreendes o meu princípio. Enquanto a inteligência e a felicidade que dela se tira pela incansável acumulação de noções, só te peço que compares Renan e o Grillo...”
(http://tinyurl.com/dominiopub-2 Acesso em: 20.08.14. Adaptado)
(E) “Nhá Tolentina estava ficando rica de vender no arraial pastéis de carne mexida com ossos de mão de anjinho; dos vinténs enterrados juntamente com mechas de cabelo, em frente das casas; e do João Mangolô velho de guerra, voluntário do mato nos tempos do Paraguai (...)”
(http://tinyurl.com/literaturapoeta-1 Acesso em: 20.08.14. Adaptado)

GABARITO:
50 - D 51 - A 52 - D 53 - C 54 - A 

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Texto: “A primeira só” — Marina Colasanti

A primeira só

Era linda, era filha, era única. Filha de rei. Mas de que adiantava ser princesa se não tinha com quem brincar? Sozinha, no palácio, chorava e chorava, dias e noites, sem parar. Não queria saber de bonecas, não queria saber de brinquedos. Queria uma amiga para gostar.
De noite o rei ouvia os soluços da filha. De que adiantava a coroa se a filha da gente chora à noite? Decidiu acabar com tanta tristeza. Chamou o vidraceiro, chamou o moldureiro. E em segredo mandou fazer o maior espelho do reino. E em silêncio mandou colocar o espelho ao pé da cama da filha que dormia. 
Anne Bachelier.
Quando a princesa acordou, já não estava sozinha. Uma menina linda e única olhava para ela, os cabelos ainda desfeitos do sono. Rápido saltaram as duas da cama. Rápido chegaram perto e ficaram se encontrando. Uma sorriu e deu bom dia. A outra deu bom dia sorrindo.
– Engraçado – pensou uma –, a outra é canhota.
E riram as duas. Riram muito depois. Felizes juntas, felizes iguais.
A brincadeira de uma era a graça da outra. O salto de uma era o pulo da outra. E quando uma estava cansada, a outra dormia… O rei, encantado com tanta alegria, mandou fazer brinquedos novos, que entregou à filha numa cesta. Bichos, bonecas, casinhas e uma bola de ouro. A bola no fundo da cesta. Porém tão brilhante, que foi o primeiro presente que escolheram. Rolaram com ela no tapete, lançaram na cama atiraram para o alto. Mas quando a princesa resolveu jogá-la nas mãos da amiga…, a bola estilhaçou jogo e amizade.
Uma moldura vazia, cacos de espelho no chão. A tristeza pesou nos olhos da única filha do rei. Abaixou a cabeça para chorar. A lágrima inchou, já ia cair, quando a princesa viu o rosto que tanto amava. Não um só rosto de amiga, mas tantos rostos de tantas amigas nos cacos que cobriam o chão.
– Engraçado são canhotas – pensou.
E riram. Riram por algum tempo depois. Era diferente brincar com tantas amigas. Agora podia escolher.
Um dia escolheu uma e logo se cansou. No dia seguinte preferiu outra, e esqueceu-se dela logo em seguida. Depois outra e outra, até achar que todas eram poucas. Então pegou uma, jogou contra a parede e fez duas. Cansou das duas, pisou com o sapato e fez quatro. Não achou mais graça nas quatro, quebrou com o martelo e fez oito. Irritouse com as oito partiu com uma pedra e fez doze. Mas duas eram menores do que uma, quatro menores do que duas, oito menores do que quatro, doze menores do que oito. Menores cada vez menores. Tão menores que não cabiam em si, pedaços de amigas com as quais não se podia brincar.
Um olho, um sorriso, um pedaço de si. Depois, nem isso, pó brilhante de amigas espalhado pelo chão. Sozinha outra vez a filha do rei. Chorava. Nem sei. Não queria saber das bonecas, não queria saber dos brinquedos.
Saiu do palácio e foi correr no jardim para cansar a tristeza. Correu, correu, e a tristeza continuava com ela. Correu pelo bosque, correu pelo prado. Parou à beira do lago.
No reflexo da água, a amiga esperava por ela. Mas a princesa não queria mais uma única amiga, queria tantas, queria todas: aquelas que tinha tido e as novas que encontraria. Soprou na água. A amiga encrespou-se, mas continuou sendo uma.
Então a linda filha do rei atirou-se na água de braços abertos, estilhaçando o espelho em tantos cacos, tantas amigas que foram afundando com ela, sumindo nas pequenas ondas com que o lago arrumava sua superfície.

(Marina Colasanti)

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“Os dois lados” – Murilo Mendes
“Meus oito anos” – Cassiano Ricardo 

“Amar” – Carlos Drummond de Andrade
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Fatec 2014 – 2º Semestre - Prova de Língua Portuguesa

Fatec – Prova de Língua Portuguesa - 2º Semestre – 2014

Leia o texto para responder às questões de números 50 a 53.

O futebol repete a vida - Tostão - (Colunista da Folha)

            Há muitas analogias entre o esporte e a vida. Por isso, as empresas, principalmente as americanas, adoram convidar pessoas do futebol para darem palestras aos seus funcionários e executivos. Por ter sido campeão do mundo e ser agora um cronista, recebo muitos convites. Recuso todos.
            As empresas confundem as razões e as emoções do esporte com as experiências pessoais. Querem criar um manual e um perfil dos vencedores. Não existe. As experiências não se transmitem. Cada um faz do seu jeito.
            Um jogo de futebol é um espetáculo, uma metáfora da vida. Estão presentes a alegria e a tristeza, a glória e o ocaso, a razão e a paixão, a ganância e a solidariedade, o invisível e o previsível, o evidente e o contraditório, o real e o simbólico, a ternura e a agressividade e outras ambivalências que fazem parte da alma humana.
            Nos esportes coletivos e na vida, todos querem brilhar mais do que os outros. Muitos aprendem que só vão se destacar e melhorar de vida se participarem de um grupo ou de uma sociedade organizada, forte e solidária. Por outro lado, são os talentos individuais que iluminam o coletivo. Parece contraditório. A vida é contraditória.
            O esporte é uma boa analogia entre razão e paixão. Um grande jogo precisa ter técnica e emoção. Para formarmos um grande time, é necessário talento, criatividade, disciplina tática e garra. Os grandes atletas são sábios e guerreiros. Quanto mais difícil a partida, mais Pelé vibrava em campo.
            O futebol está tão próximo da brincadeira e da descontração quanto da disciplina e da seriedade. Garrincha foi barrado antes da Copa de 58 porque era considerado uma criança irresponsável. Ele mostrou que o futebol pode ser uma brincadeira séria.
            Em qualquer atividade, a base da criatividade está na brincadeira com seriedade. Craques brincam com a bola; poetas e artistas brincam com as palavras, as imagens e os sons. O ideal seria brincar com a vida, com responsabilidade e sem sentimento de culpa.
            Em um jogo de futebol é muito estreita a linha divisória entre a ética, a responsabilidade e a ambição e a busca pela vitória de todas as maneiras. Na emoção de uma partida, no desejo intenso de ser um campeão, muitas vezes se perdem esses limites. Aí, o atleta dribla a ética. Alguns se arrependem. Assim é também na vida.

(http://www1.folha.uol.com.br/fsp/esporte/ Acesso em: 12.02.14. Adaptado)

Questão 50 - É correto afirmar que, no terceiro parágrafo do texto, há a predominância da figura de linguagem denominada

(A) ironia, uma vez que esse recurso permite substituir algumas palavras por outras com o sentido oposto, com a intenção de suavizar o emprego de uma expressão.
(B) hipérbole, pois aproxima dois seres em razão de alguma semelhança existente entre eles, de forma que as características de um sejam atribuídas ao outro, necessariamente por meio de um termo comparativo.
(C) catacrese, por empregar as palavras com um sentido não usual, sendo esse novo sentido resultante de uma nova relação de semelhança entre esses vocábulos.
(D) eufemismo, por atribuir a seres inanimados ou irracionais características ou ações de seres humanos.
(E) antítese, pelo fato de haver proximidade de termos com sentidos que se opõem no contexto em que são empregados.
Questão 51 - De acordo com as informações presentes no texto, assinale a alternativa correta.

(A) Tostão recebe muitos convites para fazer palestras em empresas pelo fato de ter sido campeão do mundo e ser escritor.
(B) Tostão afirma que, para se formar um grande time, há a necessidade de maturidade e habilidade.
(C) Tostão é seletivo, por isso não aceita alguns convites que recebe das empresas, principalmente das americanas, para fazer palestras.
(D) Garrincha tinha uma estrutura física de criança e convocá-lo para Copa de 58 seria uma irresponsabilidade dos dirigentes da CBF.
(E) Garrincha jogou pouquíssimas partidas na Copa de 58, porque era considerado um jogador sem nenhuma responsabilidade.

Questão 52 - Segundo Tostão, alguns atletas, para obter a vitória a todo custo num jogo de futebol, são capazes de

(A) brilhar menos para ser campeões.
(B) brincar com a vida e afastar a tristeza.
(C) brindar a torcida com a vitória e agir como craques.
(D) driblar a tristeza para ser campeões.
(E) driblar a ética para ser campeões.

Questão 53 - Leia o fragmento do texto: “[...] muitos aprendem que só vão se destacar e melhorar de vida se participarem de um grupo [...]”.
É correto afirmar que a palavra destacada estabelece entre as orações uma relação de

(A) indeterminação, uma vez que nos impossibilita determinar o sujeito de cada oração.
(B) condição, pois expressa uma hipótese para que as ações das orações se realizem.
(C) adversatividade, pois expressa uma ideia antagônica, de oposição entre as orações.
(D) passividade, por transformar as orações em voz passiva sintética ou analítica.
(E) concessão, por conceder uma ideia divergente, expressa na oração anterior.

Questão 54 - “A cidade está alegre, cheia de sol. Os dias da Bahia parecem dias de festa, pensa Pedro Bala, que se sente invadido também pela alegria. Assovia com força, bate risonhamente no ombro de Professor. E os dois riem, e logo a risada se transforma em gargalhada. No entanto, não têm mais que uns poucos níqueis no bolso, vão vestidos de farrapos, não sabem o que comerão. Mas estão cheios da beleza do dia e da liberdade de andar pelas ruas da cidade. E vão rindo sem ter do que, Pedro Bala com o braço passado no ombro de Professor. De onde estão podem ver o Mercado e o cais dos saveiros e mesmo o velho trapiche onde dormem.”

(http://www.culturabrasil.org/zip/ Acesso em: 20.03.14. Adaptado)

É correto afirmar que esse fragmento foi extraído do romance

(A) “O cortiço”, de Aluísio de Azevedo.
(B) “São Bernardo”, de Graciliano Ramos.
(C) “Capitães da areia”, de Jorge Amado.
(D) “Dom Casmurro”, de Machado de Assis.
(E) “Sagarana”, de Guimarães Rosa.

GABARITO:
50 - E 51 - A 52 - E 53 - B 54 - C



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Questão 50 - Leia o trecho a seguir adaptado de um importante romance da literatura brasileira.

            Veio para a biblioteca, sentou-se a uma cadeira de balanço, descansando.
            Estava num vasto aposento. Quem examinasse vagarosamente aquela grande coleção de livros havia de espantar-se ao perceber o espírito que presidia a sua reunião.
            Na ficção, havia unicamente autores nacionais ou tidos como tais: o Bento Teixeira, da Prosopopeia; o Gregório de Matos, o Basílio da Gama, o Santa Rita Durão, o José de Alencar (todo), o Macedo, o Gonçalves Dias (todo), além de muitos outros. Podia-se afiançar que nem um dos autores nacionais ou nacionalizados faltava nas estantes do major.
            A razão tinha de ser encontrada numa disposição particular de seu espírito, no forte sentimento que guiava sua vida: era um patriota.

O trecho refere-se à personagem

(A) Leonardo Pataca, ambicioso sargento que vai usar de meios inescrupulosos para chegar à sonhada patente de major. (Memórias de um sargento de milícias – Manuel Antônio de Almeida)
(B) João Romão, português culto e refinado, que se casa com a brasileira Bertoleza, e ambos enriquecem como proprietários de um cortiço no Rio de Janeiro. (O cortiço – Aluísio Azevedo)
(C) Bentinho, advogado pedante, que tem o hábito de receber, em sua rica residência, pessoas da Corte que poderão ajudá-lo a ascender politicamente. (Dom Casmurro – Machado de Assis)
(D) Policarpo, um cidadão honesto e dedicado a exaltar o Brasil, que, no entanto, se vê frequentemente menosprezado pela sociedade. (Triste fim de Policarpo Quaresma – Lima Barreto)
(E) Paulo Honório, homem do campo e proprietário de terras, que tenta esconder sua origem rústica fingindo ser uma pessoa letrada. (São Bernardo – Graciliano Ramos)

Leia o texto para responder às questões de números 51 a 54.

Aptidão
            – Bom dia, Senhor Pacheco. Sente-se, por favor. Temos uma ótima notícia. Como o senhor deve saber, contratamos uma firma de psicomputocratas para fazer testes de aptidão nos dez mil empregados desta firma. Precisamos nos atualizar. Acompanhar os tempos.
            – Sim, senhor.
            – Os dez mil testes foram submetidos a um computador, e os resultados estão aqui. O senhor é o primeiro a ser chamado porque o computador nos forneceu os resultados em rigorosa ordem alfabética.
            – Mas o meu nome começa com P.
            – Hum, sim, deixa ver. Pacheco. Sim, sim. Deve ser por ordem alfabética do primeiro nome, então. Este computador é de última geração. Nunca erra. Como é seu primeiro nome?
            – Xisto.
            – Bom, isso não tem importância. Vamos adiante. Vejo aqui pela sua ficha que o senhor está conosco há vinte e oito anos. Sempre na seção de entorte de fresos. O senhor nunca falhou no serviço, nunca tirou férias e já recebeu várias vezes nosso prêmio de produção.
            – Sim, senhor.
            – O senhor começou na seção de entorte de fresos como faxineiro, depois passou a assistente de entortador, depois entortador, e hoje é o chefe de entorte. Me diga uma coisa, o senhor nunca se sentiu atraído para outra função, além do entorte de fresos? Nunca achou que entortar não era bem sua vocação?
            – Nunca, não senhor.
            – Pois veja só! O computador nos revela que a sua verdadeira vocação não é o entorte de fresos e sim o bistoque de tronas! O senhor é um bistocador de tronas nato, segundo o computador. Não é fantástico? E ainda tem gente que critica a tecnologia. O senhor era um homem deslocado no entorte de fresos e não sabia. Se não fosse o teste, nunca ficaria sabendo. Claro que essa situação vai ser corrigida. O senhor, a partir deste minuto, deixa de entortar.
            – Sim, senhor.
            – Só tem uma coisa, Senhor Pacheco. Nossa firma não trabalha com tronas. Pensando bem, ninguém trabalha com tronas, hoje em dia.
            – Olha, tanto faz. Eu estou perfeitamente satisfeito no entorte e faltam só vinte anos pra me aposentar...
            – Então a firma gasta um dinheirão para descobrir a sua verdadeira vocação e o senhor quer jogá-la fora? Reconheço que o senhor tem sido um chefe de entorte perfeito. Aliás, o computador não descobriu ninguém com aptidão para o entorte. Vai ser um problema substituí-lo. Mas não podemos contestar a tecnologia. O senhor está despedido. Por favor, mande entrar o seguinte e passe bem.

(VERÍSSIMO, Luís Fernando. O nariz e outras crônicas. São Paulo: Ática, 2003. Adaptado)

Questão 51 - Assinale a alternativa em que a afirmação sobre o texto está corretamente associada ao trecho selecionado.

(A) O Senhor Pacheco ascendeu na empresa trabalhando no mesmo departamento:
Os dez mil testes foram submetidos a um computador, e os resultados estão aqui.
(B) O computador organizou os dados alfabéticos de forma rápida e acurada:
Este computador é de última geração. Nunca erra.
(C) O chefe não é pessoa criteriosa, pois considera o computador infalível:
Vai ser um problema substituí-lo. Mas não podemos contestar a tecnologia.
(D) O Senhor Pacheco sempre omitiu o desejo de mudar para outra seção:
O senhor era um homem deslocado no entorte de fresos e não sabia.
(E) O patrão não sabe aferir a dedicação do funcionário à empresa:
Reconheço que o senhor tem sido um chefe de entorte perfeito.

Questão 52 - O leitor pode identificar as personagens porque, entre outros recursos, empregou-se o discurso

(A) direto, já que o narrador, embora interfira no enredo, permite que as personagens expressem-se com liberdade.
(B) direto, pois as personagens interagem exteriorizando suas reações e pontos de vista diante dos acontecimentos.
(C) indireto, pois o relato, feito pelo narrador, remete a eventos iniciados e concluídos, no passado, pelas personagens.
(D) indireto, já que a presença do narrador é essencial à organização da sequência de ações que envolve as personagens.
(E) indireto livre, visto que o chefe e o funcionário, embora hesitantes no início, terminam convictos de que a tecnologia
é incontestável.

Questão 53 - Assinale a alternativa que apresenta a afirmação correta sobre o trecho selecionado do texto.

(A) – Bom dia, Senhor Pacheco. Sente-se, por favor. (1o parágrafo): usa-se o imperativo, pois esse modo verbal é característico da linguagem literária.
(B) – Mas o meu nome começa com P. (4o parágrafo): a conjunção mas expressa ideia de conclusão.
(C) Vejo aqui pela sua ficha que o senhor está conosco há vinte e oito anos. (7o parágrafo): de acordo com a gramática normativa, a forma verbal pode ser substituída por fazem.
(D) Me diga uma coisa, o senhor nunca se sentiu atraído para outra função... (9o parágrafo): a colocação do pronome oblíquo me na oração é considerada marca de linguagem falada.
(E) – Então a firma gasta um dinheirão para descobrir a sua verdadeira vocação e o senhor quer jogá-la fora? (último parágrafo): de acordo com a gramática normativa, a expressão jogá-la pode ser substituída no texto por jogar-lhe.

Questão 54 - Considere o trecho a seguir.

Haviam _______ ao conhecimento do chefe os resultados dos testes de aptidão que os psicomputocratas ______-se a aplicar aos funcionários, visto que _____ à empresa manter-se atualizada. Os testes foram submetidos a um computador, e este forneceu resultados que _____ informações sobre os funcionários.

De acordo com a gramática normativa, o trecho deve ser preenchido, respectivamente, por

(A) chegado ... propuseram ... convém ... contêm.
(B) chegado ... propuseram ... convêm ... contém.
(C) chegado ... proporam ... convêm ... contêm.
(D) chego ... proporam ... convém ... contém.
(E) chego ... propuseram ... convém ... contém.

GABARITO:
50 - D 51 - C 52 - B 53 - D 54 - A

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