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segunda-feira, 21 de agosto de 2017

UFBA – 2003 – Prova de Redação

UFBA – 2003 – Prova de Redação

INSTRUÇÕES:
Responda à questão com caneta de tinta azul, de forma clara e legível.
Caso utilize letra de imprensa, destaque as iniciais maiúsculas.
O rascunho deve ser feito no local apropriado do Caderno de Questões.
Na Folha de Resposta, utilize apenas o espaço destinado à resposta.
Será anulada a Redação
redigida fora do tema;
apresentada em forma de verso;
assinada fora do cabeçalho da folha;
escrita a lápis ou de forma ilegível.

Leia os textos a seguir e, a partir dos fatos, opiniões, dados, reflexões e juízos de valor neles contidos, escreva uma dissertação que discuta criticamente as relações do homem brasileiro com as realidades urbana e rural, podendo apresentar outras informações que julgue necessárias para apoiar o seu texto. Exponha suas idéias de forma clara, coerente e em conformidade com o registro padrão da língua escrita.

            Nos últimos dez anos, a população de oito regiões metropolitanas (Rio de Janeiro, São Paulo, Belo Horizonte, Vitória, Porto Alegre, Curitiba, Recife e Salvador) saltou de 37 milhões para 42 milhões de habitantes. Agora, o mais surpreendente: nesse período, a taxa de crescimento das periferias dessas cidades foi de 30% contra 5% das regiões mais ricas.
            O surgimento da periferia é decorrente de uma transformação profunda ocorrida no Brasil nas últimas décadas, que é a urbanização. Quando o campo entrou em colapso por excesso de gente e falta de oportunidades, começou uma intensa migração rumo às capitais industrializadas. Em apenas duas décadas, 20 milhões de pessoas se mudaram em busca dos confortos e das oportunidades que imaginavam desfrutar nas grandes cidades. Foi um dos processos de urbanização mais acelerados e caóticos já vistos no mundo. Em 1970, pela primeira vez, a população urbana superou a rural. A migração não produziria grandes problemas se as cidades às quais as periferias estão ligadas pudessem gerar riqueza suficiente para oferecer condições de vida satisfatórias aos que chegam. O Brasil não conseguiu fazer isso.

SECCO, Alexandre; SQUEFF, Larissa. A explosão da periferia. VEJA, São Paulo, ed. 1684, ano 34, n. 3, p. 86-90, 24 jan.2001.

            Nas últimas décadas, o grau de urbanização no Brasil tem continuado a crescer, embora com novas características espaciais, questões que também devem ser consideradas ao se discutirem as perspectivas da moradia na atualidade.
            Segundo os estudos recentes sobre padrões de urbanização e demografia, com base no Censo de 1991, os anos oitenta representam um momento de inflexão, detectando-se, em algumas das grandes cidades brasileiras, indicações do que se denominou “desconcentração metropolitana”, caracterizada pelo crescimento de população em cidades médias, o que implica novas relações entre cidades de determinadas regiões. Assim, visualiza-se, cada vez mais, um mercado urbano unificado e, ao mesmo tempo, segmentado, com as cidades médias se qualificando como pólos de serviços especializados, turísticos ou tecnológicos, e, portanto, locais preferenciais de classes médias, enquanto que as grandes metrópoles continuariam atraindo um fluxo crescente de pobres, com taxas de crescimento econômico menores do que as de suas regiões. Para Milton Santos, essas novas relações detectadas no território brasileiro indicam que o processo de metropolização deve prosseguir paralelamente ao de desmetropolização. (...)

GORDILHO-SOUZA, Angela. Limites do habitar: segregação e exclusão na configuração urbana contemporânea de Salvador e perspectivas no final do século XX. Salvador: EDUFBA, 2000. p. 66.

ESTRADA

Esta estrada onde moro, entre duas voltas do caminho,
Interessa mais que uma avenida urbana.
Nas cidades todas as pessoas se parecem.
Todo o mundo é igual. Todo o mundo é toda a gente.
Aqui, não: sente-se bem que cada um traz a sua alma.
Cada criatura é única.
Até os cães.
Estes cães da roça parecem homens de negócios:
Andam sempre preocupados.
E quanta gente vem e vai!
E tudo tem aquele caráter impressivo que faz meditar:
Enterro a pé ou a carrocinha de leite puxada por um bodezinho manhoso.
Nem falta o murmúrio da água, para sugerir, pela voz dos símbolos,
Que a vida passa! que a vida passa!
E que a mocidade vai acabar.

BANDEIRA, Manuel. Estrela da vida inteira. São Paulo: Círculo do Livro, [1995?]. p. 115.
Petrópolis, 1921

LAMENTO SERTANEJO

Por ser de lá
Do sertão, lá do cerrado
Lá do interior, do mato
Da caatinga, do roçado
Eu quase não saio
Eu quase não tenho amigo
Eu quase que não consigo
Ficar na cidade
Sem viver contrariado
Por ser de lá
Na certa, por isso mesmo
Não gosto de cama mole
Não sei comer sem torresmo
Eu quase não falo
Eu quase não sei de nada
Sou como rês desgarrada
Nessa multidão boiada
Caminhando a esmo

GIL, Gilberto; DOMINGUINHOS.
Gilberto Gil e as canções de Eu Tu
Eles. Salvador: WR; Rio de Janeiro:

Nas Nuvens, s.d. 1 compact disc.


www.veredasdalingua.blogspot.com.br

Leia também:


UFBA – 2002 – Prova de Redação


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