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sábado, 15 de fevereiro de 2014

UNIFESP 2010 - PROVA DE LÍNGUA PORTUGUESA

Prova de língua portuguesa - UNIFESP 2010



01. Leia o trecho do poema de Ruth do Carmo, extraído do livro Sobre Vida.

Tio
Meu tio está velho
e não entende
o que se fala
(ouve menos)
mas está aqui,
ali, sentadinho,
sem camisa,
magro,
os pelos do peito
esbranquiçados.
O meu velho tio olha ao redor,
às vezes trocamos ideias
(tentamos).

É correto afirmar que o eu lírico

(A) apresenta o tio como um peso à rotina familiar, o que se pode comprovar com os versos Meu tio está velho / e não entende o que se fala / (ouve menos).
(B) se reporta à fragilidade do tio e demonstra afeição por ele, o que se comprova com os versos mas está aqui, / ali, sentadinho.
(C) se distanciou deliberadamente do tio, o que se comprova com os versos às vezes trocamos ideias / (tentamos).
(D) tem o tio como uma pessoa atenciosa e cautelosa, o que pode ser comprovado com o verso O meu velho tio olha ao redor.
(E) sente que o tio tem pouco interesse pelas pessoas, o que se comprova com os versos e não entende / o que se fala.

02. Considere a charge e as afirmações.


I. O advérbio já, indicativo de tempo, atribui à frase o sentido de mudança.
II. Entende-se pela frase da charge que a população de idosos atingiu um patamar inédito no país.
III. Observando a imagem, tem-se que a fila de velhinhos esperando um lugar no banco sugere o aumento de idosos no país.

Está correto o que se afirma em

(A) I apenas. (B) II apenas. (C) I e II apenas. (D) II e III apenas. (E) I, II e III.

Instrução: Leia o texto, para responder às questões de números 03 a 06.

É fácil errar quando uma empresa ou seus dirigentes não têm clareza sobre o que de fato significam as bonitas palavras que estão em suas missões e valores ou em seus relatórios e peças de marketing. Infelizmente, não passa um dia sem vermos claros sintomas de confusão. O que dizer de uma empresa que mal começou a praticar coleta seletiva e já sai por aí se intitulando “sustentável”? Ou da que anuncia sua “responsabilidade social” divulgando em caros anúncios os trocados que doou a uma creche ou campanha de solidariedade? Na melhor das hipóteses, elas não entenderam o significado desses conceitos. Ou, se formos um pouco mais críticos, diremos tratar-se de oportunismo irresponsável, que não só prejudica a imagem da empresa mas – principalmente – mina a credibilidade de algo muito sério e importante. Banaliza conceitos vitais para a humanidade, reduzindo-os a expressões efêmeras, vazias.

(Guia Exame – Sustentabilidade, outubro de 2008.)

03. O texto faz uma crítica ao

(A) uso inexpressivo de expressões efêmeras e vazias, o que coíbe a prática do oportunismo irresponsável.
(B) trabalho social das empresas, que priorizam ações sociais sem utilizarem um marketing adequado.
(C) discurso irresponsável das empresas que, na verdade, destoa das práticas daqueles que o proferem.
(D) excesso de discursos sobre sustentabilidade e responsabilidade em empresas engajadas em assuntos de natureza social.
(E) uso indiscriminado do marketing na divulgação da responsabilidade social das empresas.

04. Considerando o ponto de vista do autor, a frase – O que dizer de uma empresa que mal começou a praticar coleta seletiva e já sai por aí se intitulando “sustentável”? – deixa evidente que uma empresa

(A) pode prescindir do real sentido do termo “sustentável”.
(B) já é sustentável, quando começa a fazer coleta seletiva.
(C) deve fazer seu marketing desatrelado de sua prática.
(D) deve consolidar suas práticas antes de defini-las.
(E) começa mal, caso se dedique à coleta seletiva.

05. No contexto, as palavras mina e efêmeras assumem, respectivamente, o sentido de

(A) abala e passageiras. (B) reduz e mensuráveis. 
(C) altera e transitórias. (D) atenua e perenes.        (E) reforça e duradouras.

06. Nas duas ocorrências, as aspas indicam que as expressões incorporadas ao texto

(A) não pertencem ao autor.          (B) são coloquialismos.
(C) estão livres de ambiguidade.   (D) não são de uso corrente.   (E) constituem neologismos.

07. Considere o texto.

Conforme as informações apresentadas, um título adequado ao texto é:

(A) Cai a prática de sexo casual.
(B) Mais idade, mais sexo consciente.
(C) Mulheres se protegem mais no sexo.
(D) Muito sexo, pouca proteção.
(E) Sexo em tempos de internet.

Instrução: As questões de números 08 a 12 baseiam-se no trecho de A Cidade e as Serras, de Eça de Queirós.

Jacinto e eu, José Fernandes, ambos nos encontramos e acamaradamos em Paris, nas escolas do Bairro Latino – para onde me mandara meu bom tio Afonso Fernandes Lorena de Noronha e Sande, quando aqueles malvados me riscaram da universidade por eu ter esborrachado, numa tarde de procissão, na Sofia, a cara sórdida do Dr. Pais Pita.
Ora nesse tempo Jacinto concebera uma ideia... Este príncipe concebera a idéia de que o homem só é “superiormente feliz quando é superiormente civilizado”. E por homem civilizado o meu camarada entendia aquele que, robustecendo a sua força pensante com todas as noções adquiridas desde Aristóteles, e multiplicando a potência corporal dos seus órgãos com todos os mecanismos inventados desde Teramenes, criador da roda, se torna um magnífico Adão quase onipotente, quase onisciente, e apto portanto a recolher dentro de uma sociedade e nos limites do progresso (tal como ele se comportava em 1875) todos os gozos e todos os proventos que resultam de saber e de poder... Pelo menos assim Jacinto formulava copiosamente a sua ideia, quando conversávamos de fins e destinos humanos, sorvendo bocks poeirentos, sob o toldo das cervejarias filosóficas, no Boulevard Saint-Michel.
Este conceito de Jacinto impressionara os nossos camaradas de cenáculo, que tendo surgido para a vida intelectual, de 1866 a 1875, entre a Batalha de Sadowa e a Batalha de Sedan e ouvindo constantemente desde então, aos técnicos e aos filósofos, que fora a espingarda de agulha que vencera em Sadowa e fora o mestre-de-escola quem vencera em Sedan, estavam largamente preparados a acreditar que a felicidade dos indivíduos, como a das nações, se realiza pelo ilimitado desenvolvimento da mecânica
e da erudição. Um desses moços mesmo, o nosso inventivo Jorge Calande, reduzira a teoria de Jacinto, para lhe facilitar a circulação e lhe condensar o brilho, a uma forma algébrica: suma ciência X = suma felicidade. suma potência

08. Conforme o pensamento de Jacinto, que ganhou a forma algébrica desenvolvida por Jorge Calande, a concepção de um homem superiormente feliz envolve

(A) a dissimulação da força e da sabedoria.
(B) a busca pela simplicidade.
(C) o conhecimento e o progresso científico.
(D) a dissociação entre progresso e filosofia.
(E) o distanciamento dos preceitos filosóficos.

09. Se a civilização era enaltecida por Jacinto, era de se esperar que, para ele, a vida apartada do progresso

(A) ficaria consideravelmente limitada, reduzindo-se a prática intelectual.
(B) aguçaria a intelectualidade, ampliando a relação do homem com o saber.
(C) daria espaço para o real sentido de viver e de tornar-se uma pessoa feliz.
(D) equilibraria a relação do homem com o saber, permitindo-lhe ser pleno e feliz.
(E) impediria a felicidade do homem, sem, contudo, influenciar a prática intelectual.

10. Considere as afirmações.

I. O Realismo surge num momento de grande efervescência do cientificismo. No texto, isso se comprova pelas referências à vida intelectual e ao desenvolvimento da sociedade do século XIX.
II. Um personagem como Fabiano, de Vidas Secas, conforme descrito no trecho – Vermelho, queimado, tinha os olhos azuis, a barba e os cabelos ruivos; mas como vivia em terra alheia, cuidava de animais alheios, descobria-se, encolhia-se na presença dos brancos e julgava-se cabra. – seria infeliz na ótica de Jacinto, apresentada no texto.
III. Ora, como tudo cansa, esta monotonia acabou por exaurir-me também. Quis variar, e lembrou-me escrever um livro. Jurisprudência, filosofia e política acudiram-me, mas não me acudiram as forças necessárias. Essas palavras de Dom Casmurro, na obra homônima de Machado de Assis, assinalam uma personagem preocupada com o desenvolvimento da erudição, candidata à felicidade postulada por Jacinto.

Está correto o que se afirma em

(A) I apenas. (B) II apenas. (C) I e II apenas. (D) II e III apenas. (E) I, II e III.

11. Leia os versos de Álvaro de Campos, heterônimo de Fernando Pessoa.

Eia comboios, eia pontes, eia hotéis à hora do jantar
Eia aparelhos de todas as espécies, férreos, brutos, mínimos,
Instrumentos de precisão, aparelhos de triturar, de cavar.
Engenhos, brocas, máquinas rotativas!
Eia! eia! eia!

A leitura dos versos, comparativamente ao texto de Eça de Queirós, permite afirmar que

(A) traduzem a nova ordem social, rechaçando as modificações advindas do cientificismo, atitude contrária à dos camaradas de Jacinto, que se deslumbravam com a modernidade.
(B) apresentam a modernidade numa ótica positivista, fundamentada na observação e experimentação da realidade, o que contraria a visão romântica dos camaradas de Jacinto.
(C) expressam, com certa reserva, os adventos da nova ordem social e tecnológica, ficando implícita a ideia dos camaradas de Jacinto, que eram pouco afeitos ao cientificismo.
(D) fazem uma apologia da modernidade, de forma semelhante ao entusiasmo dos camaradas de Jacinto, deslumbrados com a nova ordem da vida urbana, social e
tecnológica.
(E) trazem uma visão apaixonada da realidade, portanto, subjetiva e desprovida da observação e experimentação, atitude comum também aos camaradas de Jacinto.

12. O trecho a seguir é o início do penúltimo capítulo de A Cidade e as Serras.

E agora, entre roseiras que rebentam, e vinhas que se vindimam, já cinco anos passaram sobre Tormes e a serra. O meu príncipe já não é o último Jacinto, Jacinto ponto final – porque naquele solar que decaíra, correm agora, com soberba vida, uma gorda e vermelha Teresinha, minha afilhada, e um Jacintinho, senhor muito da minha amizade. E, pai de família, principiara a fazer-se monótono, pela perfeição da beleza moral, aquele homem tão pitoresco pela inquietação filosófica, e pelos variados tormentos da fantasia insaciada. Quando ele agora, bom sabedor das coisas da lavoura, percorria comigo a quinta, em sólidas palestras agrícolas, prudentes e sem quimeras – eu quase lamentava esse outro Jacinto que colhia uma teoria em cada ramo de árvore, e riscando o ar com a bengala, planeava queijeiras de cristal e porcelana, para fabricar queijinhos que custariam mil réis cada um!

Pelas considerações de Zé Fernandes apresentadas no trecho, é correto afirmar que Jacinto

(A) assumiu um estilo de vida que diverge daquele concebido em Paris. Malgrado algum senão de Zé Fernandes, o amigo via com bons olhos esse novo Jacinto.
(B) formou uma família e se transformou, sem, contudo, abandonar seus preceitos filosóficos tão bem estruturados em Paris, ainda na companhia de Zé Fernandes.
(C) teve seu entusiasmo pela modernidade retirada pela família, razão pela qual sofre, o que faz com que Zé Fernandes se lamente pela situação degradante do antigo amigo.
(D) resolveu dedicar-se à vida junto à natureza, o que, conforme deixa claro Zé Fernandes, não entra em choque com os ideais intelectuais que os jovens conceberam em Paris.
(E) optou por formar uma família longe da cidade e da modernidade. Fica evidente que Zé Fernandes condena com veemência essa opção, que afasta a ambos da intelectualidade.

13. Leia a tira.

(www.custodio.net Adaptado.)

A tira dialoga com um poema de Carlos Drummond de Andrade, no qual a imagem do anjo torto está relacionada

(A) à aceitação dos desígnios divinos como verdadeiramente legítimos e importantes para a vida do poeta.
(B) ao modo de o poeta ver e viver sua vida próximo ao senso comum, incorporando as regras da sociedade.
(C) a uma concepção de vida e, por extensão, de arte, que se pretende livre das convenções sociais.
(D) a uma visão crítica da arte que, a exemplo dos preceitos parnasianos, deve buscar a excelência da forma.
(E) a um estilo de arte que se pretende livre das convenções, quanto à forma, mas que segue os temas tradicionais.
Instrução: Leia o texto, para responder às questões de números 14 a 19.

Gripe: sala de aula vazia, shopping cheio

Durante a epidemia de influenza (a “gripe espanhola”) que grassou no país em 1918, as autoridades municipais de Curitiba determinaram o fechamento de todas as casas de espetáculos e proibiram aglomerações, inclusive o acompanhamento dos enterros e a frequência a templos religiosos. Ante os parcos recursos e conhecimentos médico-científicos de então, estima-se que a epidemia tenha matado cerca de 50 milhões de pessoas no mundo.
Agora, no século 21, nossas autoridades estão permitindo a desinformação e o caos. Enquanto diversas escolas adiaram o início das aulas do segundo semestre ou as suspenderam, e a Secretaria de Saúde do Estado de São Paulo determinou a volta às aulas apenas no dia 17 de agosto, o secretário de Saúde do Paraná inicialmente criticou as instituições curitibanas pela atitude “precipitada” – depois, acabou cedendo, embora argumentando que os motivos não são técnicos, e que aderiu à medida apenas para tranquilizar as famílias. Várias vozes qualificadas classificaram o adiamento como inútil e inócuo.
Os especialistas divergem. Uns dizem que a gripe A tem gravidade e letalidade parecidas com a da gripe sazonal e que bastam as ações preventivas que estão sendo tomadas para conter riscos maiores. Outros especialistas, por sua vez, afirmam que a situação é mais grave do que se noticia e que deveriam ser tomadas medidas mais drásticas, justificando a suspensão das aulas.
Quando nem as autoridades da saúde se entendem, como o cidadão pode ter uma orientação segura? Se há uma pandemia, trata-se de um problema de saúde pública – portanto, cabe ao Poder Público orientar e inclusive baixar normas a respeito, determinando que atitudes devem ser tomadas. Se não o faz, ou o faz de modo contraditório, continuamos nessa situação absurda, com suspensão de algumas atividades e de outras não. A capa da Gazeta do Povo de 30/07 é sintomática: ao mesmo tempo em que noticia em grande manchete a suspensão de aulas, apresenta a chamada: “Férias e chuva lotam shoppings de Curitiba”. O texto dessa chamada informa que “julho foi um mês de ouro para os shoppings”, por causa das férias escolares e do clima frio e chuvoso, capaz de encher lojas e cinemas. E o texto completa: “a previsão é de um agosto ainda melhor”. Portanto, a suspensão das aulas provavelmente terá como efeito a aglomeração de pessoas em outros ambientes, com riscos iguais ou maiores que a frequência às aulas.

(Gazeta do Povo, 01.08.2009. Adaptado.)

14. De acordo com o texto, as autoridades, no que diz respeito às questões de saúde pública em Curitiba,

(A) têm uma visão muito mais clara do problema e das ações emergenciais a serem tomadas, o que se deve à experiência vivida no passado com a gripe espanhola.
(B) mostram-se pouco familiarizadas com esse tipo de problema, o que pode ser comparado com a negligência vivenciada no passado, ao se tratar da gripe espanhola.
(C) têm sido alvo de críticas pelas informações contraditórias que veiculam na mídia, mas agem acertadamente quando se trata das ações efetivas de combate à gripe A.
(D) apresentam muita dificuldade para lidar com o problema, uma vez que hoje, assim como no passado, a escassez de recursos impede a tomada de ações eficazes.
(E) atuaram de forma mais diligente no passado, havendo, no momento atual, atitudes pouco consistentes face à gravidade do problema representado pela gripe A.

15. O texto deixa claro que o cidadão de hoje

(A) não é afetado pelas opiniões contraditórias dos especialistas.
(B) consegue diferenciar a gripe comum da gripe A.
(C) carece de informações mais claras e pontuais sobre a gripe A.
(D) tem informações suficientes para resguardar-se das doenças.
(E) age de forma precipitada por qualquer problema de saúde.

16. O último parágrafo retoma a ideia contida no título do texto, mostrando

(A) falta de bom senso das pessoas num momento de crise da saúde, pois gastam inadvertidamente, sem poupar recursos para cuidados médicos.
(B) contradição no comportamento das pessoas, pois os alunos não vão à escola, mas acabam lotando os shoppings, onde se expõem à gripe da mesma forma.
(C) falta de políticas públicas mais coercitivas, que deveriam proibir a exploração comercial decorrente de um problema de saúde pública.
(D) falta de bom senso da população, que não se mobiliza para exigir das autoridades maior empenho e agilidade para eliminar os focos da gripe.
(E) contradição nas decisões dos governos, que baixam normas para a população sem levar em consideração os riscos a que se expõe a maioria das pessoas.

17. No primeiro parágrafo do texto, a palavra então

(A) indica a causa de uma informação.
(B) expressa circunstância de modo.
(C) tem valor conclusivo.
(D) pode ser substituída por agora.
(E) reporta ao sentido de época.

18. No texto, a informação – ... nossas autoridades estão permitindo a desinformação e o caos... – é exemplificada por

(A) ... as autoridades municipais de Curitiba determinaram o fechamento de todas as casas de espetáculos e proibiram aglomerações...
(B) ... a Secretaria de Saúde do Estado de São Paulo determinou a volta às aulas apenas no dia 17 de agosto...
(C) Se há uma pandemia, trata-se de um problema de saúde pública – portanto, cabe ao Poder Público orientar...
(D) Se não o faz, ou o faz de modo contraditório, continuamos nessa situação absurda, com suspensão de algumas atividades e de outras não.
(E) O texto dessa chamada informa que “julho foi um mês de ouro para os shoppings”, por causa das férias escolares e do clima frio e chuvoso, capaz de encher lojas e cinemas.

19. A frase que reproduz uma ideia do texto de maneira gramaticalmente correta é:

(A) Em 1918, com a gripe espanhola, em Curitiba, ficou proibidas as aglomerações, inclusive o acompanhamento dos enterros e a frequência a templos religiosos.
(B) Estimam-se que cerca de 50 milhões de pessoas no mundo tenham sido vítima da gripe espanhola no início do século.
(C) Evidentemente cabem ao Poder Público a orientação e a publicação de normas, determinando que atitudes devem ser tomadas.
(D) Não seria de se espantar se muitos jornais trouxessem a seguinte manchete: “Férias lota shoppings de Curitiba”.
(E) Existe divergências entre os especialistas: uns dizem que a gripe A têm gravidade e letalidade parecidas com a da gripe sazonal, outros afirmam que a situação é mais grave.

20. Leia o texto.

(Gazeta do Povo. 13.08.2009)

No texto, há um erro que se corrige com a substituição de

(A) voltam por volta.
(B) voltam às aulas por voltam as aulas.
(C) Com a decisão por Pela decisão.
(D) às aulas de creches por as aulas de creches.
(E) próxima semana por semana seguinte.

21. Leia a tira.

Os espaços da frase devem ser preenchidos, respectivamente,com

(A) de que ... a ... Por que ... Porque
(B) que ... a ... Porque ... Porque
(C) de que ... a ... Por quê ... Por que
(D) que ... à ... Por que ... Por quê
(E) de que ... à ... Por quê ... Porque

22. Leia o texto de Gil Vicente.

DIABO — Essa dama, é ela vossa?
FRADE — Por minha a tenho eu
                   e sempre a tive de meu.
DIABO — Fizeste bem, que é fermosa!
                   E não vos punham lá grosa
                   nesse convento santo?
FRADE — E eles fazem outro tanto!
DIABO — Que cousa tão preciosa!

No trecho da peça de Gil Vicente, fica evidente uma

(A) visão bastante crítica dos hábitos da sociedade da época. Está clara a censura à hipocrisia do religioso, que se aparta daquilo que prega.
(B) concepção de sociedade decadente, mas que ainda guarda alguns valores essenciais, como é o caso da relação entre o frade e o catolicismo.
(C) postura de repúdio à imoralidade da mulher que se põe a tentar o frade, que a ridiculariza em função de sua fé católica inabalável.
(D) visão moralista da sociedade. Para ele, os valores deveriam ser resgatados e a presença do frade é um indicativo de apego à fé cristã.
(E) crítica ao frade religioso que optou em vida por ter uma mulher, contrariando a fé cristã, o que, como ele afirma, não acontecia com os outros frades do convento.

Instrução: As questões de números 23 a 26 baseiam-se na música da dupla sertaneja Alvarenga e Ranchinho.

Trabalha, trabalha, trabalha
Trabalha, trabalha, trabalha
Só no fim do mês recebe
Paga, paga, paga, paga
Tudo o que deve
No domingo eu vou na missa,
Não posso trabalhar
Segunda-feira preguiça,
Preciso descansar
Terça-feira é dia santo,
Se eu trabalho é pecado
Quarta-feira eu tô doente,
Quinta-feira é feriado
Não trabalho na sexta, que é dia de azar
Sábado é fim de semana
Tenho que descansar.

23. Os cinco versos iniciais da música mostram que o eu nela presente vê a relação entre trabalhar e pagar como

(A) equilibrada, ainda que se precise de muita dedicação ao trabalho para cumprir os compromissos financeiros.
(B) compatível com o esforço dedicado ao trabalho, o que o torna atraente em razão das vantagens econômicas.
(C) desigual, não se configurando o trabalho como atividade financeiramente vantajosa nem prazerosa.
(D) paradoxal, decorrente de uma remuneração alta em razão do trabalho realizado.
(E) justa, já que se recebe por aquilo que é trabalhado e se paga pelo que é consumido.

24. Na música, para cada dia da semana há uma situação impeditiva ao trabalho.

Considerando as frases
I. O trabalho enobrece e dignifica o homem. (dito popular)
II. Pra mim vai ser domingo todo dia, / pois é essa alegria de todo trabalhador. (Golden Boys)
III. Deus ajuda quem cedo madruga. (dito popular)
IV. Todo mundo gosta de acarajé / O trabalho que dá pra fazer que é / Todo mundo gosta de acarajé / Todo mundo gosta de abará / Ninguém quer saber o trabalho que dá. (Dorival Caymmi)

é correto afirmar que a relação do homem com o trabalho, conforme apresentada na música de Alvarenga e Ranchinho, é incompatível apenas com o sentido expresso por

(A) I e II.  (B) II e III.  (C) I, II e III.  (D) I, III e IV.  (E) II, III e IV.

25. Dizer “só no fim do mês recebe” é diferente de “no fim do mês recebe”, pois, no primeiro caso, é flagrante a ideia de

(A) intensidade.  (B) demora.  (C) tempo indefinido.  (D) rapidez.  (E) probabilidade.

26. Considere o trecho da música:

Não trabalho na sexta, que é dia de azar
Sábado é fim de semana
Tenho que descansar.

Sobre a ocorrência da palavra que, é correto afirmar que ela

(A) poderia ser substituída, no primeiro caso, por no qual, e por qual, no segundo.
(B) tem valor de conclusão nos dois casos, podendo ser substituída por então.
(C) poderia ser substituída por quando no primeiro caso e por logo que, no segundo.
(D) tem valor causal no primeiro caso e equivale a no entanto, no segundo.
(E) tem valor explicativo no primeiro caso e equivale à preposição de, no segundo.

Instrução: Leia o texto de Flávio José Cardozo para responder às questões de números 27 e 28.

Manuel Bandeira, passeando pelo interior de Pernambuco, pediu água numa casa e ouviu a mãe gritar para o filho: “Anacoluto, traz água pro moço, Anacoluto!” O menino obedeceu, Bandeira bebeu a água e saiu dando pulo: não é todo dia que alguém tem a fortuna de dar com um nome desses. Anacoluto é um senhor nome e descobri-lo é quase como descobrir a América. Feliz Manuel Bandeira.

27. Leia os textos.

I. Mas esse astro que fulgente
Das águias brilhara à frente,
Do Capitólio baixou.
(Soares de Passos)

II. Meu saco de ilusões, bem cheio tive-o.
(Mário Quintana)

III. No berço, pendente dos ramos floridos,
Em que eu pequenino feliz dormitava:
Quem é que esse berço com todo o cuidado
Cantando cantigas alegre embalava?
(Casimiro de Abreu)

Segundo Celso Cunha & Lindley Cintra, o anacoluto é a mudança de construção sintática no meio do enunciado, geralmente depois de uma pausa sensível, o que faz uma expressão ficar desligada e solta no período. Com base nesses dados, o nome do menino faz uma alusão a uma figura de sintaxe que está exemplificada apenas em

(A) I.   (B) II.   (C) III.   (D) I e II.   (E) I e III.

28. Em discurso indireto, as informações iniciais do texto assumem a seguinte redação:

(A) Manuel Bandeira pediu água numa casa e ouviu a mãe gritar para o filho, cujo nome era Anacoluto, que lhe trouxesse água.
(B) Manuel Bandeira pediu água numa casa e ouviu a mãe gritar para o filho Anacoluto que o traga água.
(C) Manuel Bandeira pediu água numa casa e ouviu a mãe gritar Anacoluto para o filho que me trouxesse água.
(D) Manuel Bandeira pediu água numa casa e ouviu a mãe gritar para o filho traz água a ele, Anacoluto.
(E) Manuel Bandeira pediu água numa casa e ouviu a mãe gritar para o filho, que o nome era Anacoluto, que traga-lhe água.

29. Leia os versos de Fagundes Varela.

Roem-me atrozes ideias,
A febre me queima as veias,
A vertigem me tortura!...
Oh! por Deus! quero dormir,
Deixem-me os braços abrir
Ao sono da sepultura!
Despem-se as matas frondosas,
Caem as flores mimosas
Da morte na palidez:
Tudo, tudo vai passando,
Mas eu pergunto chorando
— Quando virá minha vez?

Os versos filiam-se ao estilo

(A) árcade, flagrado pela alusão à natureza como forma de fugir dos problemas.
(B) ultrarromântico, influenciado pelo Mal do Século, e presentificam o pessimismo e a morte.
(C) condoreiro, distanciado da visão egocêntrica, pois estão voltados aos problemas sociais.
(D) parnasiano, cuja busca de perfeição formal é mais relevante que a expressão da emoção.
(E) simbolista, em que o pessimismo e a dor existencial levam o eu lírico à transcendência.

30. Considere o trecho de O Cortiço, de Aluísio Azevedo.

Uma aluvião de cenas, que ela [Pombinha] jamais tentara explicar e que até ali jaziam esquecidas nos meandros do seu passado, apresentavam-se agora nítidas e transparentes. Compreendeu como era que certos velhos respeitáveis, cuja fotografia Léonie lhe mostrou no dia que passaram juntas, deixavam-se vilmente cavalgar pela loureira, cativos e submissos, pagando a escravidão com a honra, os bens, e até com a própria vida, se a prostituta, depois de os ter esgotado, fechava-lhes o corpo. E continuou a sorrir, desvanecida na sua superioridade sobre esse outro sexo, vaidoso e fanfarrão, que se julgava senhor e que, no entanto, fora posto no mundo simplesmente para servir ao feminino; escravo ridículo que, para gozar um pouco, precisava tirar da sua mesma ilusão a substância do seu gozo; ao passo que a mulher, a senhora, a dona dele, ia tranquilamente desfrutando o seu império, endeusada e querida, prodigalizando martírios, que os miseráveis aceitavam contritos, a beijar os pés que os deprimiam e as implacáveis mãos que os estrangulavam.
— Ah! homens! homens! ... sussurrou ela de envolta com um suspiro.

No texto, os pensamentos da personagem

(A) recuperam o princípio da prosa naturalista, que condena os assuntos repulsivos e bestiais, sem amparo nas teorias científicas, ligados ao homem que põe em primeiro plano seus instintos animalescos.
(B) elucidam o princípio do determinismo presente na prosa naturalista, revelando os homens e as mulheres conscientes dos seus instintos em função do meio em que vivem e, sobretudo, capazes de controlá-los.
(C) trazem uma crítica aos aspectos animalescos próprios do homem, mas, por outro lado, revelam uma forma de Pombinha submeter a muitos deles para obter vantagens: eis aí um princípio do Realismo rechaçado no Naturalismo.
(D) constroem uma visão de mundo e do homem idealizada, o que, em certa medida, afronta o referencial em que se baseia a prosa naturalista, que define o homem como fruto do meio, marcado pelo apelo dos seus sentidos.
(E) consubstanciam a concepção naturalista de que o homem é um animal, preso aos instintos e, no que dizem respeito à sexualidade, vê-se que Pombinha considera a mulher superior ao homem, e esse conhecimento é uma forma de se obterem vantagens.

GABARITO:
1 - B 2 - E 3 - C 4 - D 5 - A 6 - A 7 - D 8 - C 9 - A 10 - C 11 - D 12 - A 13 - C 14 - E
15 - C 16 - B 17 - E 18 - D 19 - C 20 - D 21 - A 22 - A 23 - C 24 - D 25 - B 26 - E
27 - C 28 - A 29 - B 30 - E 31 - D

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